Atuação Emergencial no Pós-Enchente

São Luiz do Paraitinga tem sido objeto de estudo por Universidades do Brasil e figura como exemplo para outros Municípios que passaram por catástrofes, devido a garra de seu povo em reerguer a cidade e das atuações do Poder Público, pautadas em eficiência, transparência, legalidade, moralidade e publicidade.

 

Saiba mais sobre a atuação emergencial

As ações emergenciais de atendimento à população de São Luiz do Paraitinga, num primeiro momento, resumiram-se em criar condições e logísticas de trabalho para atendimentos às necessidades básicas das pessoas: alimentar, dormir, garantir remédio, atendimento médico, água e vestuário.Todos os moradores da cidade e visitantes foram afetados, 5050 pessoas ficaram desalojados e 95 desabrigadas, em razão da destruição total de suas moradias pelas águas do Rio Paraitinga.Toda a população urbana, enquanto o Rio Paraitinga tomava conta de sua várzea, alojou-se em abrigos públicos e casas de amigos. Curioso, ressaltar, que a maior parte da população se abrigou no morro do Cruzeiro, comunidade popular localizada em ocupação irregular, na qual o mapeamento de risco aponta como prioritária para monitoramentos, remoções e obras de contenção, em razão do elevado risco de deslizamento.O atendimento emergencial foi feito sob a Coordenação do Secretário de Estado da Casa Militar, com apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Exército, Voluntários e da Prefeitura, criando-se equipes de trabalho, para atender a criação e a manutenção de abrigos públicos; os locais de distribuição e recebimento de doação de alimentos; os postos de atendimento médico e distribuição de remédios à população; equipes de administração da crise; equipes de limpeza; equipes de vistorias e interdição de imóveis; equipes de segurança aos bens patrimoniais; os galpões de recebimento de doações de vestuário, mobílias, etc.Todas as ações foram avaliadas e coordenadas pelo Poder Público que possuía um monitoramente diário do número de pessoas atendidas, seja na zona urbana, seja na zona rural, do número de imóveis inspecionados, bem como todas as ações dos postos de atendimento direto à população.A cidade ficou submersa por três dias e, durante este período, a retirada da população foi feita, por meio de barcos, levando-se em consideração algumas prioridades: pessoas idosas, famílias com crianças e famílias de turistas que, deixando a cidade, diminuíam o número de desabrigados e afetados pela enchente. 

 

Primeiras ações: limpeza da cidade e escoramento dos prédios históricos 

A partir do dia 04 de janeiro houve o primeiro contato do povo Luizense com as tristes marcas deixadas pela catástrofe. Todos perderam. Todos os habitantes foram afetados. Todo o comércio local foi destruído. Todos estavam sem abastecimento de água, luz e telefone. Todos tinham que se alimentar e se vestir a partir das doações. Não havia banco, cartório, fórum, prefeitura, posto de saúde.A população Luizense, apesar de suas perdas individuais, chorava a perda de seu patrimônio cultural, em especial da Igreja Matriz São Luís de Tolosa.Diante desse cenário a primeira atuação em Defesa Civil foi impedir que toda a população afetada adentrasse em suas moradias, antes do processo de vistoria e de liberação de imóveis. Foram realizadas avaliações de cada imóvel, por equipes de Engenheiros voluntários da Municipalidade, profissionais da Prefeitura e funcionários do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo a fim de liberar ou interditar imóveis. Os imóveis liberados permitiam a entrada para limpeza. Nos imóveis interditados a entrada de pessoas era proibida, tendo em vista o risco que ainda representavam às pessoas.Os imóveis interditados, principalmente os prédios históricos, foram escorados, ação para preservar aquilo que não ruiu com as cheias.Todos os setores interditados foram assegurados, por homens do Exército e da Polícia Militar, a fim de impedir o acesso de pessoas e os possíveis saques.Outra importante medida levou em conta a priorização pela Limpeza de toda a cidade. A cidade, em menos de 20 dias já estava limpa, destinando-se todo o lixo, das casas, comércios e ruínas para aterros, devidamente licenciados para receber a enorme quantidade de lixo gerada por cada imóvel particular ou comercial. As ações de limpeza eram acompanhadas da doação de Equipamentos de Proteção Individual, necessários à garantir a saúde e a salubridade dos Luizenses e do grande número de voluntários que ajudaram a cidade.O processo de limpeza garantiu que nenhuma doença se proliferasse e piorasse ainda mais a situação dos moradores.A cidade não perdeu qualquer vítima na grande enchente, em razão de possuir entre seus moradores, jovens trabalhadores da atividade de Rafting, principais atores do salvamento e salvaguarda da vida dos Luizenses.A partir do dia 02 de janeiro toda a população Luizense acompanhou as tristes marcas de arruinamento de parte de seu patrimônio histórico, representada pelos casarões históricos, em estilo colonial, que foram se desabando, conduzidos pela imponente Igreja Matriz, um a um, gerando um prejuízo inestimável ao patrimônio cultural brasileiro.Segundo dados do relatório de situação, elaborado em Janeiro de 2010, pela Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, dos imóveis tombados, cerca de 18 imóveis foram arruinados, 65 imóveis foram parcialmente arruinados, 342 imóveis estavam aparentemente íntegros. Todavia, o arruinamento de imponentes casarões, da Igreja Matriz e de casas térreas junto ao quadrante de imóveis da Praça Dr. Oswaldo Cruz, determinaram expressivas perdas e referências do povo com sua cidade.Nos termos da Avaliação de Danos – AVADAN, documento oficial que deve ser encaminhado ao Governo do Estado e ao Governo Federal para fundamentar os Decretos de Calamidade Pública, 5050 pessoas ficaram desalojadas, 95 pessoas desabrigadas e cerca de 11.000 pessoas, entre estas Luizenses e visitantes, foram afetadas com as enchentes. O mesmo documento registra danos em edificações, na infraestrutura pública, danos ambientais, prejuízos econômicos e prejuízos sociais, ocasionados pela grande cheia.Segundo informações do DAEE diversos fatores contribuíram para o evento crítico: saturamento natural do solo, dificultando a absorção do grande volume de chuvas em todo o ano de 2009 e, especial das chuvas do final de ano; índices elevados de chuvas à montante da cidade, na Bacia do Rio Paraitinga e elevado índices de chuvas na Bacia do Rio do Chapéu, Rio que se encontra com o Paraitinga, à juzante da cidade e, forma uma barragem natural ao processo de vazão das águas; e, ausência de mata ciliar para colaborar na permeabilidade das águas das chuvas e retardar o processo de vazão natural ao longo de toda a Bacia Hidrográfica.Apesar dos grandes prejuízos materiais, notável a ação da população local e das equipes de resgate, em especial, aos praticantes de Rafting que fizeram com que este grande evento não fosse ainda mais marcante para a população local.

 

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