FOLIA DO DIVINO

Antes da festa se iniciar um grupo de pessoas têm um papel fundamental na realização da Festa, é a Folia do Divino. Durante muitos meses os foliões percorrem os bairros rurais de São Luiz do Paraitinga e parte dos municípios vizinhos (Cunha, Taubaté etc). Sua função é arrecadar prendas (doações que financiarão a festa) e convidar o povo para os festejos. Ao chegar em cada casa a Folia cumpre um pequeno ritual: a dona da casa recebe a bandeira, oferece as fitas que pendem do mastro para que todos os membros da família beijem e, enquanto os foliões cantam, o dono da casa oferece a prenda. É comum que a dona da casa leve a bandeira ao interior dos cômodos para abençoar a casa. A bandeira do Divino é o centro das devoções da zona rural. Ali se colocam retratos de parentes como ex-votos de alguma graça alcançada. E durante a permanência numa casa a bandeira (feita com pano vermelho, encimado por uma pomba prateada na ponta do mastro) fica sempre em lugar de honra. A folia do divino é formada por quatro foliões, sendo dois tocadores de viola (mestre e contramestre), um de caixa de percussão (contralto) e outro de triângulo (típi). São antecedidos pelo alferes que é quem conduz a bandeira e é geralmente o próprio festeiro que por sinal é quem cuida da parte administrativa da festa. Faz parte da folia ainda o cargueiro cuja incumbência é recolher as prendas. A folia do Divino incorpora um ritual que procura reforçar a crença no sagrado. Em todo o município e, de forma mais acentuada nos bairros encostados na Serra do Mar, observa-se que a Bandeira é recebida com muito respeito e reverência. Acreditando-se inclusive que o Divino Espírito Santo leva através da sua benção, proteção contra as pragas das plantações e todo o mal que possa existir.


CONGADA

O congado é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana celebrada em algumas regiões do Brasil. Trata basicamente de três temas em seu enredo: a vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário submergida nas águas, e a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras.

É um bailado popular dramático em que se representa a coroação do rei do Congo, por meio de danças e cantos com elementos musicais originários da África e da Península Ibérica. Os instrumentos utilizados são caixas, pandeiros, reco-recos, cuícas, triângulos, apitos, sanfonas, etc.

Atualmente em São Luiz do Paraitinga existem o Grupo de Congada do Alto do Cruzeiro e a Congada de Todos os Santos.


MOÇAMBIQUE

O Moçambique era a dança predileta dos escravos africanos, nos dias em que os senhores lhes concediam folga nos trabalhos. É dançado ainda hoje, embora bastante modificado pelos seus organizadores. Os participantes formam um grande roda, e ao som dos tambores e pandeiros, executam um a um sapateado ritmado e monótono, trocando no ar golpes de bastão e cantando estrofes que louvam São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, santos da devoção dos escravos.

Com forte apelo rítmico e com uso de bastões e guizos amarrados aos tornozelos, chamados “paiás”, os integrantes dos Moçambiques se alinham conforme um batalhão, certa alusão às batalhas de Carlos Magno entre os exércitos cristãos e mouros da época das cruzadas, representadas na roupa da maioria dos grupos pelas cores vermelho e azul das faixas cruzadas sobre o dorso dos dançarinos.

Na décadas de 50 e 60 São Luiz do Paraitinga chegou a ter 18 grupos de Moçambique, sendo classificada pelo estudioso, pesquisador e folclorista Alceu Maynard Araújo, como a Capital da Zona Moçambiqueira Paulista.

Atualmente São Luiz do Paraitinga possui a Cia. De São Benedito, moçambique do bairro dos Alvarengas liderado pelo Mestre Raul Pires.


JOÃO PAULINO E MARIA ANGU

Há mais de um século que a apresentação do Casal de Gigantes (Bonecões) “João Paulino e Maria Angu” vem se repetindo nas festas religiosas e profanas da cidade. Os bonecos representam a autenticidade do folclore local, sendo indispensáveis nas festas, principalmente na do Divino. Conta-se que o casal de bonecões teria sido feito pela primeira vez em meados do século passado por um português que veio morar em São Luiz do Paraitinga, o nome do português era João Paulino e ele percebeu que nas festas do Divino, já grandiosa naquela época, faltava uma diversão para as crianças. Os bonecos são influenciados pelas tradições européias, especificamente ibéricas. Em são Luiz, João Paulino, autor dos bonecões era casado com uma mulher chamada Maria, que vendia pastéis de Angu (muito comuns em São Luiz), desta forma se criam os nomes dos bonecos que sobreviveram ao seu criador e se tornaram tradição nas festas.


CAVALHADA

As cavalhadas recriam os torneios medievais e as batalhas entre cristãos e mouros, algumas vezes com enredo baseado no livro Carlos Magno e Os Doze Pares da França, uma coletânea de histórias fantásticas sobre esse rei. No Brasil, registam-se desde o século XVII e acontecem principalmente durante as festas do Divino, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Nesse teatro equestre dois grupos de cavaleiros (um total de 24) vestem uniformes em que prevalecem as cores azul e vermelho, tendo como complementos várias fitas e outros adornos. Enquanto os cristãos (de azul) e os mouros (de vermelho) combatem a cavalo, desenhando evoluções no campo, diversos rapazes e meninos – os “espias” ou “palhaços” – fazem brincadeiras entre o público, desenvolvendo um “combate” paralelo ao de Carlos Magno contra os mouros. Atualmente a Cavalhada de São Pedro de Catuçaba de São Luiz do Paraitinga são lideradas pelo Sr. Renô Martins e Sr. Lauro de Castro Faria.


DANÇA DE FITAS

Um grupo de meninas da cidade realiza evoluções ao redor de um mastro de fitas em trajes multicoloridos ao som de marchinhas e polcas. O mastro do centro tem dois metros de altura e dele pendem seis fitas vermelhas e seis azuis. Os primeiros passos lembram um pouco a quadrilha das festas juninas, mas logo o mastro graças ao entrelaçamento das fitas fica todo quadriculado em azul e vermelho. Por muito anos a dança de fitas de São Luiz do Paraitinga foi liderada e organizada pela Sra. Didi Andrade. Atualmente sua sobrinha Rosa Antunes é quem cuida do grupo, dando continuidade a essa importante manifestação da cultura local.


JONGO

Espécie de samba de roda, comum aos Estados Sudoestes brasileiros. O Jongo costuma acontecer próximo de uma fogueira. A participação é livre e não há necessidade de indumentária especial. O canto tem papel importante, ao desafio versificado dão o nome de “ponto” e o cantador seguinte precisa “desatar o ponto” nos versos que improvisar. A coreografia é simples, uma dança de roda que se movimenta no sentido lunar.


AFOGADO

A culinária é marca registrado na cultura de todos os povos, através dela pode-se conhecer quais os hábitos alimentares, a cultura agrícola e até mesmo a hospitalidade do povo de um determinado lugar, e em São Luiz não é diferente, boa parte das prendas recebidas pela folia são cabeças de gado para a preparação do afogado. Este é um cozido de carne com batata, acompanhado de macarrão, preparados em grandes tachos de cobre, servidos gratuitamente e que se tornaram marca registrada da Festa do Divino de São Luiz do Paraitinga. Qualquer festeiro que um dia imaginar em acabar com esta tradição enfrentará uma resistência gigantesca, mesmo porque se defrontará com um argumento absolutamente verdadeiro, que é: “O povo oferece ao Divino sua prenda e recebe do Divino o afogado da festa”. Segundo as crenças dos devotos, é o afogado da festa que transmite força para o organismo.